domingo, 31 de outubro de 2010

Punk: o resgate do Rock 'n Roll!!!


Eu até entendo o ponto de vista de quem acha o Punk um lixo... Esse pessoal admira uma música bem feitinha, com arranjos orquestrados, com metais (instrumentos de sopro), piano, um vocal harmonioso, de preferencia uma voz agradavel e suave aos ouvidos, uma guitarra "delicadamente" tocada, uma linha de baixo capaz de preencher o "vazio" da música, ditar o ritmo dela e não apenas acompanhar a guitarra nas mesmas notas... Enfim. Esse pessoal gosta do tipo de banda de Rock que soa como uma orquestra sinfonica, cada um no seu instrumento formando uma bela canção.

No Punk Rock, isso não existe (tavez em algumas rarissimas excessões).


O que os "intelectuais" da música não entendem ou fingem não entender ou ainda, não aceitam é o fato do que o Punk Rock devolvel o Rock 'n' Roll pro povão, de onde ele foi tirado e até mesmo "roubado" (por bandas que de Rock mesmo, só tinham os instrumentos).

Um muleque pobre, de periferia, com 15, 16 anos de idade na década de 70 que amava o Rock 'n Roll antigo e não sabia tocar um instrumento, podê enfim achar uma maneira simples de aprender (até mesmo sem ter a mínina noção do que seria o Dó, Ré, Mi) e desenvolver sua habilidade com o passar do tempo (vide o The Clash).

Enquanto nas rádios só tocavam músicas das super bandas e o Punk se limitava ao "underground", isso também limitava o poder desses muleques que não tinham acesso ao material independente da época, digamos assim.

"Pô, fazer um solo de guitarra do tipo Pink Floyd é fóda!"

Portanto, o Punk Rock resgatou a essência do Rock 'n Roll raiz (anos 50 e 60), trouxe de volta a simplicidade do inicio dos Beatles, The Who, The Rolling Stones, Elvis Presley, Chuck Berry e além de tudo isso, a rebeldia estava de volta também.

Aquela coisa escrachada de se impor diante de uma sociedade manipuladora se tornou novamente a voz do povo que atraves da música tinham um canal para serem ouvidos enquanto os Hippies se drogavam e pediam paz e amor mas dormiam em camas limpas numa casa bonita no campo, longe da realidade de quem não tinha voz.

Sim, ou vocês achavam que os musicos do The Mamas & The Papas, por exemplo, viviam perambulando pelas ruas como uns "dorme-sujo"?

O Punk não era colorido e filosófico, era direto, apontava na cara os reais problemas da sociedade... Como o RAP faz hoje em dia.

Então, dizer que o Punk Rock matou o Rock 'n Roll é uma afronta, da parte de quem diz gostar de Rock e que não vê virtude no Punk, ao estilo de música que supostamente aprendeu a admirar e curtir e até mesmo fazer (os quem tem bandas - seja por diversão ou até mesmo trabalho).

E se o Punk "acabou" com as bandas super elaboradas (o que não é verdade), isso é culpa delas mesmas que não foram capazes de influenciar uma geração que tinha mais do que fazer a ouvir histórias ficticias.

O Rock 'n Roll não é um simplismente um estilo de música, ele é um estilo de vida!!!

Texto escrito por: Marcio

sábado, 9 de outubro de 2010

A História Do Skate Punk





Nos anos 60 quando o skate era chamado de sidewalk surfing a dupla de músicos Jan&Dean compôs a primeira música que falava de skate, a qual se chamava: "Sidewalk Surfin'". A mesma dupla em 65 fez a música "The Fountain", trilha sonora do primeiro filme sobre skate que se tem notícia: Skatedater.
Nos anos 70 a popularidade do skate alcançou um nível elevado e muitos músicos simpatizavam ou até praticavam o esporte. Foi o caso de Craig Chaquico, skatista e guitarrista do Jefferson Airplane que ao lado de Black Sabbath e Blue öister Cult embalavam as skate sessions dos anos 70. Até quem não tinha nada a ver com o skate acabou seduzido. David Bowie e Pat Metheny nunca pisaram em cima de um skate mas usaram imagens de uma final de campeonato de freestyle de 78 para a confecção do vídeo da música "This Is Not America".
Em 1983 o gênero skate rock teve seu batismo oficial quando o fotógrafo da revista Thrasher, Morizen Foche (MoFo, vocalista do Drunk Injuns), organizou a primeira compilação da Thrasher Magazine.
A Thrasher, fundada em janeiro de 81, já tinha consolidado a imagem rebelde, contestadora e "skate and destroy". Lançando uma fita cassete por ano, a revista divulgava para seus leitores, as bandas que de uma forma ou de outra, tinham a ver com o skate.

parte 1 - inaugurando sessão - Agression.

No dia 03 de Agosto de cada ano é comemorado o DIA DO SKATE. A data é celebrada desde 1996, quando foi apresentado e aprovado um projeto de lei em S.P. (capital) pelo então vereador Turco Louco, hoje deputado estadual. Naquele ano houve uma sessão solene na Câmara de Vereadores de SP, onde alguns skatistas brasileiros com destaque internacional foram homenageados.
Desde então os skatistas brasileiros comemoram nesta data o DIA DO SKATE, não importando onde estejam morando ou onde tenham nascido.
Assim como o hardcore americano o skate se tornou popular no começo dos anos 80. Skatistas e punk rockers tinham o mesmo estilo de vida. O gênero musical SKATE ROCK começou a ficar mais forte quando skatistas formaram suas próprias bandas.
Uma dessas bandas se chamava AGRESSION. Formada em 83 na cidade de Oxnard, Ca. lançaram "DONT BE MISTAKEN", um disco clássico do gênero. Na capa do álbum a foto by Glen Friedman de um skatista em ação.

parte 2 - Free Beer

Pode-se dizer que a primeira banda de skate rock foi o FREE BEER. Banda formada em San Jose, Ca. em 1981. O skatista profissional Tommy Guerrero (bass) e seu irmão Tony (guitar) faziam um punk hardcore americano clássico na linha de sua banda antiga, o Revenge (de 79).
Apareceram no volume 2 da coletânea Skate Rock da Revista Thrasher. E em outra coletânea da Alternative Tentacles. Mas nunca tiveram lançado um disco só seu. A mesma Alternative Tentacles resolveu fazer justiça com as próprias mãos, compilou todo material gravado pelo FREE BEER e lançou no ano passado o álbum "The Only Beer That Matters".

parte 3 - Los Olvidados Banda de San Jose. Uma das fundadoras do gênero skate rock. Na ativa de 1980 até 1983. Influenciada por bandas da primeira onda do punk como N.Y.Dolls, Stooges, The Saints e Dead Boys, podem ser considerados o T.S.O.L. ou o Agent Orange do norte da California.
A banda teve o privilégio de ser a primeira faixa do primeiro volume das fitas cassete da Thrasher Magazine.
O guitarrista Mike Fox tocou no Dwarves da fase Epitaph Records. O baixista Ray Stevens também tocou no Faction, no Drunk Injuns, Odd Man Out e atualmente encabeça o Clay Wheels.
A Alternative Tentacles compilou todo material do Los "O" e lançou o álbum "Listen To This", o segundo da Skate Punk Series.

parte 4 - Drunk Injuns

Morizen Foche, também conhecido como MoFo era um dos editores da revista de skate Thrasher. MoFo tinha uma banda chamada Drunk Injuns e teve a brilhante idéia de compilar algumas bandas que tinham alguma relação com o mundo do skate.
Lançando uma fita cassete por ano, a Thrasher Magazine divulgava para seus leitores o Skate Rock. O batismo oficial do gênero se deu em 1983 com a coletânea de número um, com bandas como Los Olvidados, Faction, Big Boys e outras como a própria banda de MoFo, o Drunk Injuns. O Drunk Injuns se diferenciava das outras bandas por fazer um som mais lento, mais denso. ocavam com máscaras e foram o supra sumo do lado gótico do skate rock.Tente descolar o seu único álbum "From where the sun now stands I will fight no more, forever", lançado no ano passado pela Alternative Tentacles com gravações de 83/84.

parte 5 - J.F.A.

Don Redondo cresceu em Huntington Beach. Passava seus dias tocando guitarra e andando de skate. Quando se mudou para Phoenix no Texas resolveu formar uma banda. Assim nasceu o JFA (Jody Foster Army). Ser skatista era fator sinequanon para estar na banda, uma das pioneiras do skate rock. Foi a primeira a se auto proclamar skate punk. Don Redondo escreveu e fotografou para a Thrasher por 10 anos entre 84 e 94.
Ainda estão na ativa. Neste ano a Alternative Tentacles compilou os dois primeiros registros da banda, um EP de 81 e o clássico álbum de 1983 Valley Of The Yakes.
No encarte desta compilação intitulada WE KNOW YOU SUCK, figuras célebres do skate ou do rock como Duane Peters (USBOMS), Steve Caballero, Steve Alba, Jim Wurster (Superchunk) discorrem sobre a importância do JFA na cena.

parte 6 - Adolescents

Uma das bandas pioneiras do hardcore americano, o Adolescents também tinha e tem estreita relação com o skate. Atualmente o vocalista Tony, o baixista Steve Soto, a dupla de guitarrista e irmãos Frank e Rikk Agnew e ainda o baterista Derek O'Brien (ex- Social D. e D.I.) estão trabalhando em um novo álbum, o disco deve sair ainda neste ano de 2004. Os Adolescents ao lado de bandas como TSOL e Agent Orange representavam os surfistas e skatistas de Orange County. A banda já começou e acabou várias vezes. Numa dessas voltas em 1987, gravaram uma música chamada Skate Babylon no álbum Brats in Batallions.

parte 7 - S.N.F.U.

O S.N.F.U. apareceu em 1981 no Canadá. Os irmãos gêmeos Marc e Brent Belke viviam encontrando o futuro vocalista Mr. Chi Pig nas pistas de skate e nos shows do D.O.A. e do Sub Humans, assim, os 3 resolveram formar uma banda na qual uniriam a energia do skate com a agressividade do punk rock.
São considerados como um dos fundadores do skate punk. Apareceram nas compilações de volume 4 e 6 da revista Thrasher. E pelos leitores desta mesma publicação voltada ao skate, foram eleitos a quinta maior banda de skate rock de todos os tempos.
Em 1989 a Flipside Magazine os elegeu como o melhor show de rock daquele ano.

parte 8 - Suicidal Tendencies.

Jim Muir morava em Venice. Foi um Z-Boy. Um dos principais skatistas da década de 70. Proprietário da marca Dogtown.
Em 1983, o irmão mais novo de Jim Muir, Mike Muir lança o primeiro álbum de seu grupo Suicidal Tendencies. O vídeo da música "Institutionalized" mostrava pela primeira vez o skate na MTV.
Mas foi em 1987 no segundo álbum "JOIN THE ARMY" que o Suicidal falou sobre skate de uma forma mais radical. "POSSESSED TO SKATE" é um emblema do skate rock. O video da música também é clássico: um moleque aproveita que seus pais viajaram e convida todos os seus amigos (skatistas de renome manobram pelo vídeo) para uma session de skate na piscina da casa.


parte 9 - Skoundrelz

Tony Alva é considerado o inventor do skate vertical. Foi ele quem deu o primeiro frontside air. Considerado o mais radical membro da legendária equipe dos Z-Boys e originário de Venice, Tony fundou sua bem sucedida marca, Alva Skateboard Company.
Em 1983 Tony tirou a poeira de seu encostado contra baixo e recrutou Mike Ball (ex guitarrista da primeira formação do Suicidal Tendencies) para formar a sua própria banda SKOUNDRELZ.
Obscura e com apenas um EP gravado, a banda teve duas músicas presentes no primeiro volume das compilações da Thrasher Magazine.
Abriram show de bandas como The Cult, The Damned, Nina Hagen, G.B.H. e Lords Of New Church e acabaram em 1987.

parte 10 - Agent Orange

Mike Palm fundou o Agent Orange em 1979 quando música e skate eram seus hobbies. O Agent Orange nunca escreveu uma música ou estampou algo sobre o skate nos seus discos, mas sempre foi uma banda relacionada com o skate rock. Isso porque faziam o som que os skatistas e surfistas queriam ouvir na época. Inspirados nas guitarras surf music de Dick Dale e The Ventures lançaram "Living In Darkness" em 1981, um álbum clássico do punk-hardcore americano. Foi uma das primeiras bandas a ter um shape com sua logomarca pela Vision. E tiveram várias de suas músicas incluídas em inúmeros videos de skate e surf.

parte 11 - Eight Dayz

O alemão Claus Grabke começou a andar de skate em 1976. 11 vezes campeão alemão e 4 vezes campeão europeu Claus atingiu seu auge no final dos anos 80 quando era patrocinado pela marca Santa Cruz. Claus tinha um zine chamado DEATHZONE e fundou a extremamente bem sucedida Monster Skateboard Magazine que existe até hoje.
Vegetariano, bem comportado e estiloso, Claus Grabke está longe do circuito profissional, mas continua dando suas voltas de skate. Atualmente se dedica mais a música como vocalista e guitarrista do Alternative Allstars ou como vocalista do THUMB, um rap metal na linha da gravadora Victory, a qual lançou os 3 álbuns desta banda alemã nos Estados Unidos.
Mas foi com sua primeira e mais desconhecida banda chamada EIGHT DAYZ que Claus Grabke marcou seus pontos no skate rock. Ouça agora What's So Strange About Me, música presente no álbum "EV'RY DAY IS LIKE A NEW BEGINNING" (de 1989) e na trilha sonora daquele maravilhoso e marcante video da Santa Cruz chamado Wheels Of Fire.

parte 12 - Big Boys

O Big Boys foi formado em 1978 por 3 skatistas de Austin, Texas. Unindo elementos do punk, do funk e do pop criaram uma sonoridade única. Também foram uma banda chave para solidificar o skate rock como gênero e comunidade. Participaram dos volumes 1 e 2 das compilações da Thrasher. Ao lado dos DICKS foram o centro do punk texano e ciceronearam o hardcore americano por lá. Fizeram amizades e muitos fãs, mas acabaram em 85. O baixista Chris Gates tocou no Poison 13 e depois no Junkyard e no Skatenigs. O guitarrista Tim Kerr também tocou no Poison 13 e também faz parte do Monkeywrench. Tim Kerr esteve no Brasil em janeiro e produziu algumas músicas para um futuro álbum dos paulistanos do Thee Butchers Orchestra. O vocalista Randy Biscuit Turner se vestia de drag no palco e assumia sua homosexualidade sem problemas.
Diversão era palavra chave, mas eram muito punks justamente por não seguirem nenhuma regra. Tocavam punk rock, hardcore, funk e pop melódico. Muitas idéias que mais tarde seriam chamadas de revolucionárias quando copiadas por bandas mainstream (mais notavelmente pelo Red Hot Chili Peppers), surgiram antes e com mais qualidade com os Big Boys.

parte 13 - Spermbirds

O auge do skate rock ocorreu no meio da década de 80. Eram skatistas norte americanos que se divertiam fazendo punk rock ou eram músicos que tinham o skate como esporte favorito. O gênero timidamente se espalhou pelo mundo. A Alemanha na década de 80 era o país com maior tradição e representação no skate europeu. Muito disso se deve ao clássico campeonato mundial de skate da cidade de Munster que começou em 1981. A sólida cena do skate alemão também influenciou alguns punk rockers de lá.
Frank, Marcus e Beppo eram moleques de Kaiserslautern que tocavam numa banda chamada Walter Elf, e faziam um punk rock na linha das bandas inglesas do final dos anos 70. Um tempo depois eles conheceram Lee Hollis, um americano que estava de passagem pela Alemanha. Influenciados pelo hardcore americano resolveram formar uma banda que tocasse mais rápido e que tivesse letras em inglês. Então convidaram Lee para ser o vocalista e assim nasceu o Spermbirds.
O primeiro registro do Spermbirds foi em 86 com: "Don't forget the fun!", um ep split juntamente com o Walter Elf. A capa deste ep de 7 polegadas mostrava duas ilustrações: uma de um skatista em ação representava o Spermbirds e outra de um jogador do Kaiserslautern batendo bola fazia às vezes do Walter Elf.

parte 14 - Odd Numbers

O skate rock é um gênero musical tão abrangente que até bandas do estilo mod podem ser consideradas como tal. É o caso do Odd Numbers, trio da cidade de San Jose na California que mesmo fazendo um som bem anos 60 conquistou skatistas em todo mundo. Além da qualidade musical incontestável e letras urbanas, o Odd Numbers circula pelos mesmos caminhos das bandas de skate rock de San Jose. Já tiveram em sua formação um dos grandes nomes do skate rock: Ray Stevens que integra ou integrou bandas como The Faction, Los Olvidados, Odd Man Out e mais recentemente Clay Wheels que possui um split junto com o Odd Numbers.
A banda ficou conhecida por estar presente em alguns vídeos de skate como o "Reason for Living" da marca Santa Cruz.

parte 15 - True Sounds Of Liberty

Jack Grisham, Ron Emory, Todd Barnes e Mike Roche cresceram juntos em Huntington Beach e fundaram o TSOL em 1979. Com dois eps e dois álbuns maravilhosos levaram o skate rock a um estágio mais avançado, mais climático, com contornos góticos.
Em 1984 Jack e Todd deixam a banda. Emory e Mike continuaram. O baterista Mitch Dean e o vocalista Joe Wood (namorado da irmã do ex vocalista Jack) entram para a banda que começa a flertar com o rock n roll. Com esta formação lançam um álbum perfeito: "Change Today?". Nesta época o TSOL era uma das bandas mais ativas do punk americano. Mesmo assim o guitarrista Ron Emory não deixava de praticar seu esporte predileto, o skate. Emory se destacava nas piscinas e sempre aparecia nas páginas das revistas especializadas.
"Change Today?" foi lançado no Brasil e embalou muitas sessions da molecada que andava de skate no final dos anos 80. Um programa de tv que marcou esta época foi o Grito da Rua na tv cultura. O inesqueçivel tema de abertura do Grito da Rua era com TSOL e a música "Flowers by the Door".

Parte16 - especial Steve Caballero.

Inspirado por Stacy Peralta e Eddie Elguera, Steve Caballero teve seu primeiro contato com o skate em 1976, aos 11 anos. Famoso pelo seu pescoço torto (devido a uma escoliose), aos 16 anos já se destacava como o melhor skatista do norte da California. Venceu ou foi finalista da maioria dos campeonatos mundiais do início dos anos 80. Fez parte da lendária equipe Bones Brigade, é considerado o embaixador do skate e é um símbolo do esporte dentro e fora das pistas.
Caballero sempre fez as coisas parecerem mais fáceis. Se não estava treinando uma nova manobra, estava criando alguma ou fazendo a maior pontuação entre os amigos que jogavam fliperama.
Antes de conhecer o skate Caballero já gostava de música. Sendo o caçula de 3 irmãos e uma irmã, cresceu ouvindo Eagles e Beatles. Quando já era frequentador assíduo das skateparks da cidade de San Jose conheceu ACDC, Cheap Trick e as bandas que os skatistas ouviam no final dos anos 70.
Em 1982 comprou um contra baixo e aprendeu tocar ouvindo Black Flag, Circle Jerks, Adolescents e JFA. Talentoso e persistente, em 6 meses já tinha formado sua primeira banda chamada The Faction, já tinha gravado um Ep e fazia shows pelo norte californiano. Era o início do skate rock. O punk hardcore e o skate conviviam em perfeita simbiose. A história de Steve Caballero na música sintetiza a história do skate rock. Um skatista profissional que além de se divertir nas pistas também se divertia fazendo música.
Com o The Faction entre 82 e 85 (onde tocou baixo e depois guitarra) faziam o punk hardcore clássico da costa leste. Participaram das coletâneas da revista Thrasher e ajudaram a sedimentar o skate rock. Voltaram pouco tempo atrás e fazem shows esporádicos.
Entre 87 e 89 Caballero tocou guitarra no Odd Man Out juntamente com seu companheiro do The Faction Ray Stevens. Odd Man Out era skate rock com contornos góticos, cheio de pedais de guitarra e teclados, influenciado por bandas britâncias como The Cure, Joy Division, The Cult e Deep Purple. Assim como no The Faction ensaiavam no quarto de Steve Caballero. E na pista localizada no quintal da casa do guitarrista passeavam Rob Roskopp, Christian Hosoi, fotógrafos de revistas e garotas. Abriram para os Adolescents, Goo Goo Dolls, Boneshavers e Drunk Injuns. Participaram de coletâneas como o volume 8 da thrasher, vídeos de skate e com apenas um álbum, acabaram.
A banda mais desconhecida de Caballero foi o Shovelhead. Gravaram dois álbuns e fizeram poucos shows. Desta vez o skatista empunhava o contra baixo e a sonoridade era aquele trash metal hard rock muito popular na California do começo dos anos 90.
Em 1994 acabou o Shovelhead e Caballero formou o Soda. Um hardcore melódico com vocal feminino. Soda. durou apenas um ano, lançaram uma fita demo e um cd. Tocaram na Warped Tour e sempre abriam shows dos conterrâneos do No Use For a Name. O guitarrista solo Caballero deixou a banda porque a vocalista queria levar a banda a sério e Steve Caballero sempre encarou a música como diversão, apenas uma outra forma de expressar suas potencialidades criativas. Ele nunca tocou numa banda para ser rock star, Caballero queria se divertir. Por isso é uma das personagens principais do skate rock que sempre se caracterizou por skatistas que formavam uma banda para se divertir ou músicos que tinham o skate como hobby.
Caballero fez skate rock em todas as suas fases: hardcore, punk gótico, trash e pop punk.

parte 17 - Fu Manchu tocando DEVO.

No final dos anos 70 e começo dos 80 o skate se tornou popular em todo mundo e os skatistas desta época ouviam Ted Nugent, Black Sabbath, Jimi Hendrix, Blue Oyster Cult, ZZ Top, Buzzcocks, Devo entre outras. Todas estas bandas fazem parte da trilha sonora do documentário Dogtown and Z-Boys, o melhor registro cinematográfico daquela época de ouro.
Em 1981 o Devo teve a idéia de gravar o video clip da música "Freedom of Choice" no Marina Del Rey Skatepark, uma pista clássica que trazia bandas para se apresentar. Lá os Circle Jerks tocaram e lá foi tirada a foto da capa do álbum "Group Sex". Tony Hawk jura que aparece naquela capa.
No vídeo de "Freedom of Choice" aparece skatistas do quilate de Stacy Peralta, Eddie Elguera, Duane Peters, Steve Alba e outros. O Devo seguiu sua trajetória sempre sendo apreciados por skatistas de todas as gerações.
Até que em 1999 a banda californiana Fu Manchu regravou "Freedom of Choice" no álbum "King Of The Road". Fu Manchu representa o novo skate rock, que seria a fusão do stoner rock com o hard rock dos anos 70 tipo Black Sabbath. A sonoridade do Fu Manchu é dura, pesada e inspiradora e suas letras viajam pelo sul da California com cerveja na cabeça, skate no porta mala e prancha de surf em cima de carros barulhentos.
Os integrantes do Fu Manchu tem o skate como hobby e colocaram um modelo de rodas de skate no mercado; além disso colocaram na capa do álbum "The Action Is Go" uma foto clássica de Glen Friedman com Tony Alva executando um frontside air no Dogbowl. Também foram convidados para tocar no Sundance Festival quando Dogtown and Z-Boys foi premiado como o melhor documentário. Ainda retratando aquela época escreveram uma música chamada "Downtown in Dogtown" no último álbum. Mas o que você ouve agora é Fu Manchu tocando "Freedom of Choice" cover do Devo.

parte 18 - Duane Peters and the Hunns Duane Peters é um dos grandes nomes do skate mundial desde 75/76/77 e definiu um estilo no skate moderno: o skate punk, onde a agressividade e a postura rebelde vinham acompanhadas de muita técnica. Duane Peters recebeu o apelido de Master Of Disaster e desenvolveu manobras como o Indy Air, o Layback Roll Out e o Sweeper e também participou da gravação do clip "Freedom Of Choice" da banda DEVO.
A lenda diz (e nada foi devidamente comprovado) que em 1978 Duane acertou pela primeira vez um loop around completo, algo novamente feito apenas 20 anos depois.
Muitas tatuagens e poucos dentes na boca fazem parte do visual deste Evel Knievel do skate punk. Duane já contabilizou várias prisões por porte de drogas pesadas contabilizando um total de 7 anos encarceirado.
Desde 1994 é vocalista do U.S. Bombs. Depois da morte do guitarrista Chuck do U.S. Bombs que tinha AIDS, Duane Peters resolveu sair da vida desregrada que levava a mais de duas décadas.
No ano de 2000 juntamente com o guitarrista dos Grabbers formou outra banda, o The Hunns. "Long Legs" é o nome do novo disco dos Hunns que conta com nova integrante, nada mais do que a estonteante Corey Parks ex-baixista do Nashville Pussy e atual namorada do vocalista. O novo disco é excelente e conta com covers interessantes como "Tragedy" (do Wipers), "Did You No Wrong" (do Sex Pistols) e "Time Has Come Today".

parte 19 - Fun People

Na Argentina a cena skate rock começou no meio dos anos 80 em Mar del Plata com a banda 97A.
Em 1986 surgiu o Massacre Palestina, lendário grupo de Buenos Aires que começou a trazer skatistas para seus shows. Toda a atitude, flyers e arte do Massacre (nome abreviado que atualmente batiza a banda) era relacionada com o skate.
Nos anos 90 muitas bandas argentinas tinham skatistas na sua formação, entre elas se destacavam: Minoria Activa, 13 Al Diablo, Delmar, BOD e Anesthesia. Esta última trocou de nome para Fun People e até hoje é uma das mais competentes bandas da Argentina. Com muita personalidade, vários discos e turnês internacionais pela Europa, Estados Unidos, Japão e Mexico, o Fun People é muito popular em sua terra natal chegando a lotar ginásios mesmo fazendo um som nada comercial e muito eclético.

parte 20 - Grinders

O maior representante do tímido skate rock brasileiro foi o Grinders. Formado em 1984 em Santo André o grupo altamente influenciado pelo punk californiano foi rotulado como skate rock pois eram skatistas que faziam música punk.
Depois de participarem com duas faixas na coletânea "Ataque Sonoro", lançaram o Lp "skatepunkmusic" em 87: "Um grande clássico. Faixas instrumentais à lá Agent Orange como "Grinders" e "Homem Aranha" e hinos como "Skate Gralha" (que acabou sendo trilha de um dos primeiros vídeos de skate brasileiro, o do campeonato de Guaratinguetá de 88) marcaram época. A maioria das bandas se preocupava somente em tocar de forma rápida e agressiva, o Grinders comia pelas beiradas adicionando melodia e criatividade em suas composições. A simpatia dos skatistas, punks e surfistas os levou a participar de inúmeros campeonatos de skate, que na época, aconteciam semanalmente em escolas, ginásios, e ruas fechadas de qualquer município.". (palavras do César Lost da Highlight Sounds).
Os Grinders não estavam muito preocupados em se promover, fazer shows ou vender discos, eles estavam nessa por pura diversão. Gostavam de fazer barulho, tomar cerveja e andar de skate, por isso recebiam críticas do movimento punk que cobravam mais "atitude" por parte da banda.
A banda voltou anos atrás e já lançaram um disco ao vivo e um split com os Zumbis do Espaço.

parte 21 - D.I.

Depois de tocar bateria no Adolescents, Social Distortion e Detours, Casey Royer resolveu ser vocalista e formou a banda D.I. (Drug Ideology) em 1981. Com irmãos Agnew (Rikk e Alfie) nas guitarras o D.I. era uma deliciosa continuação da agressiva velocidade melódica dos Adolescents com letras ainda mais debochadas e sarcásticas.
Lançaram meia dezena de álbuns maravilhosos entre 84 e 93. Continuam na ativa porém Casey Royer é o único remanescente da formação original.
Estão inseridos no skate rock pois interagem harmoniosamente com toda cena de Orange County, seja andando de skate casualmente ou tocando em festas do esporte. São patrocinados pela Vision e possuem deck pela punk rock skateboards.

parte22 - Monkeywrench

Em 1990 Tim Kerr que já tinha integrado um dos pais do skate rock Big Boys e estava tocando no Poison 13 resolveu formar um super grupo com Mark Arm e Steve Turner ambos do Mudhoney. Os 3 recrutaram o baterista Martin Bland e o guitarrista do Gus Huffer Tom Price e assim nasceu o Monkeywrech. O primeiro álbum "Clean as a broke-dick-dog" saiu pela Sub Pop em 92 e mostrava uma sonoridade bem particular para a época: um grunge recheado de influência blues. O resultado impecável antecedeu toda a onda garageira que floresceu em maior quantidade nos anos 2000. Além de exímio guitarrista Tim Kerr também se destaca como produtor. Moldou a cara da gravadora garageira Estrus produzindo grupos excelentes como Makers, Quadrajets, Mono Men e Sugar Shack. Um dos seus últimos trabalhos foi produzir o que será o próximo álbum dos paulistanos do Thee Butchers Orchestra.
Em 99 o Monkeywrench foi reativado e pela Estrus lançaram em 2000 o segundo álbum "Electric Children" produzido por Jack Endino.

Parte23 - Cold Beans

As maiores paixões de um adolescente paulistano chamado César Lost foi música e skate. Em 1993 atuava como skatista profissional pela Sims e se aventurou como vocalista da banda cOLD bEANS. cOLD bEANS foi a primeira banda daquela turma do punk melódico do começo dos anos 90 a se intitular skate rock, além de César, também contava com outro skatista na guitarra, Fernando Steler.
Também nesta época César produzia o fanzine Cleansheets e trocava figurinhas com bandas de todo Brasil. Seu lado "jornalista" se intensificou quando começou a escrever para as revistas Tribo e 100% Skate Magazine. Antes dele, Kichi (dos Kangaroos In Tilt) e João Gordo escreviam na Tribo, sendo que o rato de porão já resenhava desde os anos 80 na extinta revista YEAH!
César comanda a Highlight Sounds e já passou por inúmeras bandas. Na época que empunhava as 4 cordas do Againe (fase 1995/96) formou uma outra banda (infelizmente obscura) chamada Switchstance Guys formada por César no baixo, o supracitado Fernando Steler na guitarra, Fábio Luiz (irmão do Rappin' Hood) na bateria e Bob Burnquist (!!) nos vocais.
Cesinha também ajudava Cris Mateus e Alê Vianna na produção dos vídeos Silly Society, nos quais recheava a trilha sonora com muito punk/hardcore de qualidade.

parte 24 - Dead Fish.

A primeira banda punk brasileira com alguma relação com o skate foi a Coquetel Molotov fundada em 1981 em volta da pista de Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Coquetel Molotov (com o vert Tatu e o freestyler Lúcio Flávio) foi um dos primeiros grupos punks a surgir além da concretude paulista que já se destacava com nomes como Olho Seco, Cólera e Inocentes; sendo que neste último o vocalista Maurício também andava de skate. Pelos lados de Brasília o streeteiro Podrão formou o Detrito Federal. Em S.P. se destacavam o Grinders, o Lobotomia e o Necrópole (com Pica Pau que depois passou por R.D.P. e Kangaroos in Tilt).
Com o "boom" do street skate no início dos anos 90 o hip hop começou a bombar os ouvidos de muitos skatistas. Nos auto-falantes dos campeonatos se intercalavam o Rap e o punk melódico. A primeira onda do hardcore melódico brasuca tinha estreita ligação com o carrinho. Seja praticando, sendo patrocinado ou simpatizando, vários grupos do início dos anos 90 circularam de uma forma ou de outra pelo skate rock.

FONTE:http://www.zonapunk.com.br/ver_materia.php?id=63

Aluno de 6 anos é suspenso por usar cabelo moicano

O fato ocorreu em 2008, simplesmente vergonhosa a atitudade da escola.

''Bryan Ruda, um aluno do jardim da infância em uma escola da cidade de Parma, no Estado americano de Ohio, foi suspenso das aulas após insistir em usar um corte de cabelo no estilo moicano


Michelle Barile, a mãe do aluno de 6 anos, afirma que nada no regimento da Parma Community School faz menção à proibição do corte de cabelo, caracterizado pelas laterais da cabeça raspadas com uma tira de cabelo na parte de cima. A escola argumenta que o corte de cabelo de Ruda distrai as outras crianças.
"Eu entendo que exista regras para os trajes. Eu entendo que exista o uniforme escolar. Mas isso é discriminação total", afirma Michelle. "Eles não podem me dizer como eu devo cortar o cabelo do meu filho."

Um membro da administração da escola, que fica num subúrbio de Cleveland, chegou a avisar a mãe de que o corte de cabelo era inaceitável. Mais tarde a escola voltou a notificar Michelle, reiterando que Bryan seria suspenso.

De acordo com a diretora da escola, Linda Geyer, o corte de cabelo de Bryan fere a política da instituição sobre o comportamento estético dos alunos. Além disso, o regimento escolar da delegacia de ensino da região permite que professores e diretores proíbam qualquer coisa que interfira a aula.

O cabelo de Ruda teria se tornado um problema maio na semana passada quando ele apareceu com o corte retocado, afirma Linda. Ela ligou para Michelle na sexta-feira pedindo que ela fosse buscar o filho.

"Essa foi sua terceira infração. Acredito que fomos extremamente pacientes", disse a diretora na terça-feira.

Michelle disse que acatou a decisão da escola e que não vai solicitar uma audiência com as autoridades escolares da região para questionar a suspensão. Ele afirmou que vai matricular o filho em outra escola e que cortar o cabelo de Ruda não é uma opção.

"É algo que ele realmente gosta. Quando as pessoas ouvem que ele tem um cabelo moicano pensam que é algo espetado com aspecto de louco. E na verdade não é nada disso."

Fonte:http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI2643569-EI8266,00.html

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

The Ramones - os pais do punk rock

Hoje eu tava conversando com uma ramona da minha escola, resolvi então públicar um post em homagem os pais do punk rock.

The Ramones
Quatro garotos de Nova York, crescidos na década de 60 em meio a uma explosão de bandas de rock, como The Who.
A maioria das bandas favoritas dos Quatro rapazes já não existiam mais, os Beatles ja estavam separados, e Lenon estava mais preocupado em salvar o mundo. Jim Morrison e jimi Hendrix estavam na fila para jogar ping-pong no céu, o que existia agora era um rock com solos intermináveis, cheios de firula e raio-lazer.
Era uma época realmente bem estranha, principalmente para quem havia crescido nos anos 60. Foi aí que os Ramones entraram em cena.


O mundo nunca tinha visto nada parecido com isso, músicas que duravam no máximo 2 minutos, tocadas do jeito mais rápido possível, sem solos de guitarra, e com quatro caras que... bem... se ninguém os conhecesse era capaz de achar que fossem alguma gangue de delinquentes. As jaquetas de couro, os cabelos estranhos e um vocalista de 1;98 de altura, todos com os instrumentos abaixo da cintura e imendando uma música na outra, ninguém entendeu nada, mais tinham certeza que aquilo era bem legal.
Depois de uma turnê pela inglaterra os ramones deixaram uma legião de fãs no velho mundo, inspiraram a maioria dos jovens a formar uma banda.

Fonte:Desvendando o movimento Punk

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O Punk 77 e a ideologia política

Quando o punk começou a mostrar um novo modo de fazer rock’n’roll, mais simples, mais direto, a idade de seus representantes não passava de 20 anos e era muito complicado ser jovem e rebelde durante um período militar de repressão intensa - qualquer atividade que saísse da normalidade imposta, era considerada subversiva e perigosa. Por Ariel



O PUNK DE 77 E A IDEOLOGIA POLÍTICA


O Movimento Hippie saía de cena por não compactuar com esse modo de sociedade, autoritária e careta, e decidiu se afastar dela, criando comunidades rurais e praianas, onde pudessem viver em paz, desapegados dos bens materiais, capitalistas e consumistas, deixando um vácuo que seria ocupado por um movimento novo, mais urbano e mais disposto a lutar pelo espaço em que vivia o Movimento Punk.
O Movimento Punkento Punk!

Em princípio, nada de política, de esquerda ou de direita, habitava o universo desse movimento, que era apenas musical, mas por questões que envolviam uma luta contra o autoritarismo e a repressão, que estavam impostos no país desde 1964, os garotos mostravam uma disposição de continuar o que haviam começado e não abriam mão de seus novos valores, mesmo que para isso fossem buscar no niilismo e na prática anarquista inconsciente uma forma de se manter em movimento - até porque a condição era de luta de classes e estávamos do lado de cá do rio, então, como não se envolver, mesmo que indiretamente?

Havia muita agitação política, vinda principalmente do sindicalismo e do movimento estudantil, que estava na clandestinidade, mas que enfrentava junto com os sindicatos dos trabalhadores a ditadura implantada. No final dos anos 70, os grupos revolucionários armados já haviam sido dizimados pelos governos militares, com ajuda logística norte-americana.

Lembro da greve dos bancários, que criou uma verdadeira praça de guerra no centro de São Paulo em 1977, com cadeiras de gerentes voando pelas janelas e vidros quebrados por toda parte, fazendo um verdadeiro caos na cidade. Eram manifestações relâmpago, urbanas, pois os grandes bancos estão concentrados no centro da capital paulista. Nas portas das grandes metalúrgicas também se fazia muita agitação, principalmente por sindicatos livres e não só pela campanha salarial, como era de costume.


Nas universidades e nas escolas secundaristas também aconteciam greves, onde os estudantes apoiavam a luta dos professores por melhores condições de ensino, por liberdades democráticas e pela reconstrução da UNE (União Nacional dos Estudantes) e UMES (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas).


Bem, diante desse quadro de muita luta contra a ditadura e contestação dos valores burgueses, seguíamos fazendo nossas paradas, organizando sons, pesquisando sobre essa nova onda musical que surgia, ocupando as ruas com estilo próprio e tentando curtir Rock’n’Roll numa cidade cheia de preconceitos, mesmo não nos envolvendo diretamente nessas manifestações, pois, apesar de sermos proletários, éramos direcionados para a alienação, desde a mais tenra infância. Éramos moleques da periferia, malcriados, briguentos e delinqüentes, vivíamos brigando com desafetos de outras gangues e sempre envolvidos em alguma treta com a polícia, que nos perseguia pelas quebradas, por pequenos furtos, pequenos tráficos, bebedeiras, brigas, desordem pública, estelionatos etc. A barra era realmente pesada.


Seguíamos procurando diversão e sangue - e era aconselhável, se você curtia rock e estava a fim de sair para agitar um som -, estar em alguma gangue, pois as ruas estavam infestadas de maldade, que certamente iria de encontro a você.


Foi complicado e extremamente rude esse começo do punk em São Paulo e apesar de certa incoerência por parte dos garotos punks da periferia, o estopim para um movimento mais radical estava aceso e era questão de tempo até que estivéssemos engajados nessas manifestações políticas. E isso realmente aconteceu nos anos seguintes.

Texto Escrito por: Ariel, 45 anos, músico punk (participou das bandas Restos de Nada, Desequilíbrio, Inocentes, atualmente na Invasores de Cérebros), anarquista militante dentro do grupo Ação e Anarquia, poeta e editor dos Cadernos da Sarjeta e colecionador de discos raros.

Fonte:http://www.portalrockpress.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=3099

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O Começo do Fim do Mundo



1982 foi o ano em que o movimento punk explodiu em São Paulo. Era o lugar certo na hora certa. Aquele ano todo, desde o começo, com os punks recolocando a Galeria do Rock e o Largo de São Bento no mapa da mídia, São Paulo, uma das cinco maiores cidades do planeta (ao menos em densidade demográfica), e com lançamento do primeiro vinil punk brasileiro, o "Grito Suburbano", entre outros acontecimentos punks, 1982 fez o movimento explodir.




Tretas, desavenças e desacordos sobravam, mas também - e
sobretudo - muita união e fraternidade.
O país ainda sob o regime militar, e na ignorância da polícia e dos desinformados em geral, as forças punks se uniram, se fez notícia o tempo todo e o ano só podia culminar gloriosamente com o mais perfeito festival no gênero faça-você-mesmo até então realizado no planeta.



Nos dias 27 e 28 de novembro, no recém inaugurado SESC Pompéia, "O COMEÇO DO FIM DO MUNDO". O festival já impactava pelo título. Que profecia era aquela, que "fim de mundo" era aquele? A mídia queria saber. A mídia e o povo.


Conclamadas todas as bandas punks de São Paulo e do ABC, 20 bandas, o festival serviu também para apaziguar as rivalidades territoriais do movimento, rivalidade muitas vezes sanguinolenta. Este primeiro festival punk irá se tornar tão lendário na história da cidade e do punk quanto a dos cavaleiros da távola redonda na legenda arturiana.

Tretas, claro, no festival rolaram algumas - e bastante teatrais para que a polícia montada aparecesse para fazer seu número e a mídia sensacionalista manchetar, com destaque no Fantástico e nas primeiras páginas dos jornais. De resto, o festival e o movimento punk paulistanos foram notícia na imprensa do mundo inteiro. Mas o que deixou o pessoal lá fora perplexo e fascinado foi a imagem de que no Brasil os punks se entendiam, era de fato um movimento e com certeza fariam forte presença no fim do mundo pois se mostrara presença una e fortíssima no começo desse fim. 1982 foi o ano.
Fonte:http://www.portaldorock.com.br/ofimdomundo/ocomeco.htm

Mais um pouco da história do Punk no Brasil





Crescer em um pais como o Brasil durante os anos 70 realmente não era mole. Passava-se por um dos momentos políticos mais tensos da nossa historia, a ditadura militar, e haviam poucas informações circulando a respeito de temas referentes a cultura jovem em geral. Censura e perseguições políticas eram termos comuns para qualquer um.

Mesmo assim muitos garotos acabaram abraçando o rock mais radical da época, especialmente o hard e glam setentista de bandas como Black Sabbath, MC5, Iggy and The Stooges, Sweet, Dust, Pink Fairies, Kiss, entre outras.

A mudança definitiva veio quando uma publicação jovem, a Revista POP, começou a publicar reportagens sobre a emergente cena punk de Londres em 1976.

Uma parcela dos leitores antes fissurados nos velhos ícones do passado, viram uma luz no fim do túnel, ou seja, um novo estilo a seguir. Um ano depois a revista lança um LP coletânea chamado "A Revista POP apresenta o Punk Rock" (POP Magazine Presents the Punk Rock"), com Ramones, Sex Pistols, The Jam, London, Eddie and the Hot Rods, Ultravox, Stinky Toys, Runaways, etc.

Foi ai que tudo realmente começou. Pode-se dizer que muitos dos caras que ouviram esse LP seriam futuramente responsáveis por montar as primeiras bandas de punk rock e hardcore no Brasil.

Entre 1977 e 1978 um punhado de gangues punks já circulavam pela Grande São Paulo, e formam a base do que estaria por vir. As primeiras informações do exterior começam a pipocar graças a Wop Bop, pioneira loja de discos, e que impulsionou o interesse desses jovens punks importando os lançamentos mais recentes. Além disso haviam os bailes em salões de rock, que movimentavam essas gangues e simpatizantes.

Após a influência inicial do punk rock inglês, os punks paulistanos pularam direto para bandas mais obscuras como Suicide Commandos, Speedtwins, Drones, Ratsia, F-Word, etc. Havia realmente um gosto pela obscuridade e pela luta que era descolar esses discos.

Em 1978 surgem as primeiras bandas: Restos de Nada, AI-5, Condutores de Cadaver e um pouco mais tarde o Cólera. Os shows rolavam em escolas, praças, salões de rock e no que mais pintasse.
Os pioneiros AI-5, uma verdadeira pérola Killed by Death brasileira.
Foto: arquivo pessoal.


Em 1980 a cena já tinha mudado. Foi quando o DJ Kid Vinil, um colecionador de discos e entusiasta do punk rock mundial, começou uma serie de programas de radio sobre punk e new wave. Com sua facilidade em viajar para o exterior e os contatos que alguns brasileiros também mantinham, houve uma abertura muito grande para o punk nacional.

É importante dizer que os punks paulistanos estavam em perfeita sintonia com o que rolava pelo mundo. Albums como "Damaged" (Black Flag), "Group Sex" (Circle Jerks), GI (Germs) ou os primeiros EPs do Discharge foram degustados aqui poucas semanas depois de serem lançados nos EUA ou Europa.

O Hardcore chega e influencia definitivamente a cena nacional. O Brasil inicia ai uma bem sucedida rede de informações com a Europa (principalmente com a Finlândia, Alemanha e Scandinavia), alem dos EUA e outros paises.

Fabio R. Sampaio, então vocalista do Olho Seco, foi outra figura importante tanto com a loja Punk Rock Discos (que também se tornaria um selo) como aglutinador de todas as bandas e pessoas envolvidas na época.

Muitas bandas surgem entre 1980-81: Lixomania, Ulster, Ratos de Porão, Suburbanos, Hino Mortal, M-19, Fogo Cruzado, Inocentes, Guerrilha Urbana, Juízo Final, etc. Essa geração estava ligada aos shows itinerantes chamados Grito Suburbanos.

Foi ai que Fabio teve a idéia de lançar uma coletânea, agrupando Cólera, Inocentes e sua banda, o Olho Seco. Esse LP, um álbum pioneiro e corajoso, é considerado até hoje o disco mais importante da cena brasileira, pois abriu portas para shows, fanzines, exposições, etc. É realmente o marco zero.

1982 foi um grande ano para o punk no Brasil, pois foi quando se sucedeu um enorme festival em São Paulo chamado "O Começo do Fim do Mundo", que reuniu quase 20 bandas, 3000 punks e foi interrompido pela policia no segundo dia de shows, que invadiu e causou um quebra-quebra com os punks. Esse festival foi o ponto alto dessa geração.

Depois do festival, a cena deu uma esfriada geral, pois a violência entre as gangues era forte e poucos shows aconteciam. Mesmo assim, discos importantes saíram nesse meio tempo: a coletânea SUB e os compactos do Lixomania, Inocentes e Olho Seco.

Entre 1983-84 surgem bandas como o Lobotomia, Armagedom, Estagio Zero, Ruídos Absurdos, Brigada do Ódio, entre outras. A Punk Rock Discos vira New Face Records. Surge a Ataque Frontal Discos.
O Lobotomia ao vivo no Lira Paulistana com sua formação original em 1985.
Foto: arquivo pessoal.


Esses dois selos ficariam responsáveis por lançarem a maioria dos discos da segunda metade dos anos 80. Exemplos disso são o LP do Lobotomia (lançado pela New Face em parceria com a banda) e os albums do Cólera,pela Ataque Frontal.

Em 1984 é lançado “Crucificados pelo Sistema”, álbum de estréia do Ratos de Porão, e o primeiro disco de hardcore da América Latina.

Nessa época a maioria das bandas pioneiras acabam ou tomam rumos diferentes entre si. O RDP cai nas graças do crossover gringo, se aproxima do Sepultura e migra para a cena metal brasileira. Inocentes acaba e volta com uma nova formação e sonoridade próxima ao pós-punk e o rock nacional,. Além deles, seguem o Cólera, Olho Seco e Garotos Podres, encarando novas fases.

Entre 1986 e 1990, a cena punk já estava espalhada por todo o país de norte a sul, concentrando-se principalmente no intercambio através de cartas, trocas de fitas K7 e zines. Isso realmente sustentou a cena por anos a fio, pois os shows eram raros. Era uma época difícil e conturbada.

Mesmo assim, ótimas bandas surgem nesse período: Republika, Necrópole, Skarnio, Pupilas Dilatadas, Pakdermes, Psychic Possessor, Atack Epileptico, entre muitos outros.

Junto com o Grinders e o Pakdermes, o Necrópole formava a tríplice aliança do skate-punk nacional. Foto: arquivo pessoal.

Chega a década de 90 e uma nova cena se forma. O thrash metal e o rock alternativo estavam no ápice, o que atraiu o interesse de muita gente por música underground e desencadeou um interesse posterior pelo punk/hardcore também.

O Ratos de Porão, experiente em lidar com todos os altos e baixos, começa suas primeiras tours à Europa, tocando em squats, youth centers, clubes e festivais. Assim como o Cólera fez na heróica European Tour` 87, o RDP se firma como nome de ponta e passa a fazer esse circuito anualmente.

A cena segue timidamente no início dos 90. Bandas como No Violence, Safari Hamburguers, Personal Choice, Abuso Sonoro, Rot, e muitas outras seguram os alicerces do hardcore brasileiro e pavimentam um novo caminho.

Por volta de 1995 a cena começou a tomar a cara que tem hoje. Surgem muitos selos, fanzines, festivais e os shows passam a serem freqüentes, atraindo públicos segmentados ou não. A partir dessa data, inúmeras bandas internacionais começam também a excursionar por aqui, mantendo fielmente o intercambio iniciado lá no comecinho dos anos 80.

Hoje a cena punk/hardcore no Brasil passa por uma de suas melhores fases, com shows e festivais acontecendo simultaneamente em diversas regiões. A diversidade de estilos e a extensão geográfica do pais continua gerando muitas e muitas bandas e praticamente cada região do Brasil tem uma cena local.

Graças aos inúmeros esforços de todos os participantes dessa cena, o Brasil continua sendo uma referencia impar no hardcore mundial, com suas características e musicalidade sempre revistas e renovadas ano a ano.

Fonte:Revista DOLL (Japão) nº244 - novembro de 2007.